sexta-feira, 11 de abril de 2008

A metamorfose Externa


Lendo e percebendo as intenções de Franz Kafka, ele faz a figura de Gregor Samsa parecer uma caricatura de ser humano incapaz de se auto perceber. O título por si só sugere algum tipo de transformação que se passa no interior do drama. Entretanto, o que Gregor experimenta é um reflexo do ele já era: um ser autômato que se move por reflexo condicionado: acordar, vestir-se, trabalhar, suportar, chegar e dormir; um ciclo ridículo visto aos olhos de hoje. Porém, comum se se pensar na rotina da sociedade industrial que tinha de vender seus excedentes até mesmo a quem não quer comprar ou a quem não vê utilidade prática alguma no bem de consumo. Assim Gregor supre o microssistema da companhia em que trabalha. Sua casa era um reflexo desse microssistema na medida em que somente ele supria tudo o que a casa e seus moradores necessitavam. Contudo, sua forma externa já não sendo mais a mesma, ele é enxotado pelo que ele construiu e sustentou, por meio do desprezo e do asco de seus familiares. O que há de se notar mais é que Gregor, em momento algum, jamais se levantou e exigiu ajuda para ter uma contrapartida pelo que ele deu de si para os outros. Assim Kafka expõe um tipo humano que repudiamos; contudo, sensibilizamo-nos com o infortúnio do jovem, mas não promissor, caixeiro-viajante.